Trabalhando Pela Obra e Com a Obra.

Noite passada estava na igreja, como de costume, e ouvia uma pregação sobre 'tomar decisões'. E isso me fez refletir em decisões que já tomei no passado, principalmente sobre meu futuro profissional e ministérial...
Acho interessante chamar atenção para o fato de que, na época em que escolhi ingressar na profissional (na qual 'tento' me especializar hoje), pensei simplesmente num fato: 'Qual das áreas profissionais nas quais tenho alguma habilidade ME DARIA MAIS DINHEIRO e vantagens ?!'
Queridos irmãos, meus familiares gostaram da ideia... 'É uma área em ascensão e com boa remuneração.' Seria minha 'salvaguarda', e eu teria um bom futuro, com uma boa vida e etc e blablabla...
Acho que não preciso dizer que hoje me sinto meio frustrado com a decisão que tomei, certo ?!
Minha verdadeira vocação, sempre foi a música. Mas, claro... Músico é uma raça discriminada e muito mal paga no Brasil. Então, eu não pude faze-lo.


Na época que terminei o colégio e fui tentar vestibular, eu não era crente ainda... Não tava nem aí pra vontade de Deus pra minha vida, ou mesmo se Ele tinha algum plano pra mim. Oh, como me arrependo !
Tenho certeza que se conhecesse meu Senhor àqueles dias como hoje, estaria satisfeito em fazer aquilo que Ele me designasse, depois de muita oração e conversa com o Pai sobre o assunto...
Gostaria de pensar, que minha profissão seria instrumento de Deus na terra. E que eu utilizaria minhas habilidades e conhecimentos para mais uma vez, glorificar o Seu santo nome. Assim, penso desde que O encontrei.


A chamada divina, para mim, é um dos temas mais fascinantes da vida cristã. O assunto vocação celestial abre-nos a visão para um plano belo e perfeito plano de um Deus supremo que, de modo especial, convoca-nos a vivermos Nele e para Ele. Afinal, 'E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.; para ser de Cristo' (Rm 8:28).


Infelizmente, até dentro do ministério, pouquissimas pessoas pensam dessa forma. E acho mais trágico ainda, a família influenciar na escolha de uma carreira, ou escolha de futuro de qualquer um... A sociedade hoje dita aquilo que devemos ou não ser.
Piorando, a situação é tratada de grosso modo... E em grande parte dos ministérios, a compreensão que se tem sobre esse assunto é que o Senhor simplesmente convoca pessoas para atuarem como obreiros efetivos em sua obra, mas vinculados somente a cargos, ofícios ou funções eclesiásticas, menosprezando, com isso, a vocação e o trabalho para além dos limites do átrio da igreja local e das atividades especificamente religiosas.
Como efeito, essa visão distorceu a compreensão acerca da chamada divina especifica, transformando-a em sinônimo de função eclesiástica, fazendo crer na necessidade do abandono do trabalho secular a fim de se entregar exclusivamente à obra !
Isso não é necessário. Você não pode ter uma vida dupla ! Você não pode querer separar sua vida em casa, e sua vida na igreja ! Ambos tem de caminhar juntos, e cooperarem pra um bem maior... Um bem em nome do Senhor !


Vai ter gente que vai querer argumentar contra isso, dizendo o seguinte: 'Aquele que quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas aquele que perder a sua vida por mim e pelo Evangelho salvá-la-á.'
Ou ainda: 'Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me.' 
Sim, meus irmãos. Jesus disse que deviamos abandonar A VIDA QUE VIVIAMOS, nos converte-se-mos e nos arrepende-se-mos, e viver para segui-lO ! Fazer a vontade do Senhor, não quer dizer que nós devamos deixar nossas casas, rasgar nossas vestes, esquecer o trabalho, largar tudo e viver como monges dizendo estar se santificando. Isso não existe ! Isso é só uma desculpa !
Como eu já disse: não podemos viver uma vida dupla. Mas devemos viver uma vida com Cristo todo dia, toda hora, pregar o evangelho no nosso trabalho, em casa, no nosso dia a dia, nas nossas famílias, e usufruir de tudo isso em plenitude, por que Cristo deu Sua vida para que tivessemos vida com abundância ! (Jo 10:10) A vida com Cristo não se limita só na igreja. Fazer a vontade de Deus, e trabalhar pra sua obra não se limita a ser um obreiro, um diácono, um pastor, ou seja lá qual for sua designação eclesiastíca. Pregar o evangelho, é muito mais que sai de porta em porta recitando versiculos da bíblia e tentando converter almas para o Senhor !  
Devemos mesmo é refletir: Como Deus pode me usar no meu trabalho ?! Que habilidades tenho que sejam uteis pra Deus, para que eu seja gente boa do Senhor na terra, para que eu viva bem, e viva satisfatóriamente ?!


Eu confesso que se pudesse, viveria dentro da minha igreja, trabalhando de qualquer forma que fosse... Fosse ministrando num altar, ou simplesmente organizando ou limpando alguma coisa. Já me faria sentir imensamente feliz.
Mas primeiro, nem sou de uma igreja universal ou da igreja internacional da graça ou qualquer coisa (graças a Deus, não sou) que nunca fecham (nem vou comentar o porquê) e pagam 'pequenas' bagatelas de sálario para todos os que vivem lá dentro. Segundo, sei que não posso (infelizmente). E Terceiro, isso não afeta minha vida com Cristo.
Meu desejo é glorifica-lo acima de tudo, e isso posso fazer na minha casa. Minha maior vontade é falar do amor d'Ele e de Sua palavra, e isso posso fazer a qualquer hora e em qualquer lugar !
Meu trabalho e minhas habilidades, pretendo usar da melhor maneira que puder para continuar com isso... Aliás, acho que o blog também é uma extensão disso. Quanto ao resto, espero no Senhor e na vontade que Ele tiver pra minha vida. Cumprir minha missão aqui na terra, sem fraquejar ou reclamar. Tudo está sob Seu controle, e acontecerá no tempo de Deus, não devo me afobar. E você também não !


Mas de fato, muitos cristãos que tem um chamado, uma vocação ministerial ou que estão ingressando em uma designação apostólica tem essa dúvida: 'Preciso abandonar o trabalho para atender ao Chamado ?!'
Ou ainda: 'Como vou conciliar trabalho e o ministério ?!'


É óbvio que muitos cristãos são chamados para atuarem como 'levitas' de Deus; vocacionados e separados para viverem exclusivamente na obra eclesiástica. Isso leva tempo, preparação, um verdadeiro chamado. (Sim, confesso que gostaria de viver assim. Qual cristão não gostaria ?!)
Paulo inclusive escreve que quem almeja o episcopado excelente obra deseja (vide primeira carta à Timóteo). O apóstolo dos gentios ainda afirmou noutra ocasião que Deus deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros evangelistas, e outros para pastores e doutores (Carta aos Efésios Capitulo 4). Todavia, é preciso entender que o chamado de Deus para a vida do homem é bem mais amplo que a atuação por meio de cargos ou ofícios na igreja local. Mais que isso, o chamado divino envolve tudo o que somos, fazemos e investimos na obra, em qualquer local e momento. Tudo o que fizermos devemos fazer para a glória de Deus (vide I Cor. 10:31).
Portanto, atender ao chamado de Deus e fazer a Sua obra não significa necessariamente ser um obreiro de tempo integral, virar 'monge', um peregrino, missões em cima de missões. E muitas vezes, não é preciso nem mesmo fazer parte do ministério eclesiástico. É preciso que se entenda que todas as esferas de atuação do homem são campos onde o chamado pode e deve ser exercido, inclusive o local de trabalho dos crentes, onde seus ofícios são considerados por Deus como verdadeiros ministérios ! (Glória a Deus)


Vejamos um exemplo:
José, filho de Jacó. Desde cedo ele já conhecia o propósito e a vocação de Deus para sua vida. José não teve nenhuma função ligada à prática religiosa, mas ele foi uma ferramenta importante usada por Deus para o cumprimento de um propósito. Como governador do Egito, e profissional capacitado, competente e, sobretudo, fiel à Deus, José ele foi usado como instrumento divino e livrou toda uma nação de período de fome avassaladora. Foi usado por Deus ! Foi benção ! Se realizou. A benção demorou, mais chegou !


E você, tem usado sua profissão como instrumento do Mestre ?!


Patrício Maranata

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